Às vezes, tudo que precisamos é daquele conselho sincero de um verdadeiro amigo, daquelas amizades genuínas e transparentes. Ter um verdadeiro amigo é compartilhar afeto, mas é também ouvir algumas palavras duras. E pensando nisso, trouxemos um texto sobre amizade do poeta e cantor Zuza Zapata onde dois amigos levam uma conversa extremamente sincera na beira do mar numa noite fria. Temos certeza que irá te inspirar.
Texto sobre amizade: o conselho de um verdadeiro amigo
Cair da noite. Ao fundo o barulho do mar. Areia fria.
“Sabe, você mudou tanto”.
“Como assim?”
“É, mudou. Às vezes parece que estou ao lado de um desconhecido”.
“Mas você não pode simplesmente falar que mudei, tem que explicar”.
“Tudo bem. Mas olha, absorva isso apenas como um conselho de amigo, tá bom? Não vai se ofender. Mas assim, não vejo mais aquela magia em você, aquele encantamento. Te conheço faz tempo suficiente. Nunca te vi tão pouco interessado como agora. É como se sua aura estivesse desbotada. E acho que você sabe disso.
Ainda noto lampejos, reflexos daquela antiga pessoa. E não adianta você se esforçar para ser outro. A mudança tem que ser natural. Senão fica essa coisa meio aleijada, sem propósito. E nos últimos tempos tenho notado uma coisa que me preocupa bastante.
Eu te amo, cara, mas amo aquele você de ontem. E quando te olho, quando ligo para combinar alguma coisa, é sempre esperando encontrar o ontem e não o hoje.
Hoje você é uma pessoa dura, de coração engessado e alma ferida.
Ontem tinha aquela ingenuidade libertadora. Eu sei que a vida de tempos em tempos nos presenteia com sacolas cheias de decepções, mas nem por isso temos que endurecer tanto. Eu tô aqui. Sou aquela mesma pessoa que você conheceu e compartilhou histórias, aventuras.
Lembro da gente subindo a serra ao som de Arnaldo Baptista e alugando aquele chalé caindo aos pedaços esperando as meninas chegarem. Um frio danado e nós dois vestindo regata. A lareira que não acendia. O vinho de péssima qualidade. Mas havia algo ali. Havia sorriso nos seus olhos, cara. Havia a tal ingenuidade libertadora.
É como se agora você fosse alguém renegando o que o ser humano carrega de mais bonito, que é olhar curioso e encantado para o mundo. Eramos duas crianças nos divertido pelas ruas. O seu olhar para o mundo era assim. Havia cores, aromas, desejo pela vida e por compartilhar a vida.
Hoje o que existe é um esboço inacabado daquilo que você acha que almeja ser, acha que precisa ser… Endureci certa vez. E isso só me afastou da minha essência. Não quero que você perca o que tem de mais bonito, aquilo que encanta todos ao seu redor. Não quero que encaixote o seu melhor lado, cara. Amoleça e vamos nos divertir juntos de novo.”.
Silêncio.
E o mar molhando os pés.
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Desejamos portanto, que todos se inspirem para que a gente possa, acima de tudo, dar importância, cada vez maior, as pequenas sensações e pensamentos do cotidiano e aos nossos sentimentos mais íntimos.
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